#Fora das redes

Por que sair da corrida pelo engajamento pode ser a melhor decisão para o seu marketing.

2850 palavras | 11 minutos de leitura

Faz um tempo que os feeds das redes sociais que eu uso estão esquisitos.

Instagram e LinkedIn, minhas duas principais redes, estão cada dia mais cheias de anúncios, vídeos e posts de pessoas que eu não conheço e/ou que estão pagando para estar ali.

Muita gente, percebendo essas mudanças, que são feitas aos poucos, começa a tentar se adaptar, sem a menor ideia do que foi alterado nos algoritmos. É um jogo de “adivinha”.

Eu fiz isso este ano.

Decidi jogar dentro das regras – mesmo sem saber que regras são essas.

Investi meu tempo, ideias e dinheiro para conseguir clientes nessas duas redes.

Não cheguei nem perto de um retorno equilibrado e positivo. O que tive foi um prejuízo que foi muito além do financeiro.

Perdi sono e saúde mental porque me senti completamente incapaz de conseguir um mínimo de resultado, que, para mim, seria: ter um aumento lento de seguidores, gerar conversas ou interesse no assunto que eu estava trazendo.

Foi um fiasco.

Na esperança de encontrar uma saída, entrei no Threads e tive uma grata surpresa.

Talvez pela rede ser relativamente nova, o algoritmo ainda está amigável.

Lá não tem anúncios, nem vídeos. O algoritmo não filtra tanto, e acabei descobrindo pessoas e conteúdos novos e diferentes.

Mas o que me chamou a atenção lá dentro foi que o assunto mais discutido é “O que está acontecendo com as redes sociais? E por que não conseguimos mais chegar nas pessoas que queremos e tampouco ver o que e quem queremos ver nos nossos feeds?”

A gente sabe que as redes sociais foram idealizadas como espaços de conexão e comunidade, mas hoje o que vemos é o oposto: alienação e a sensação de investir muito e não ter um retorno na mesma proporção.

O contraste entre o que as redes prometem e o que elas entregam tem sido o pesadelo de inúmeros empreendedores solo.

Mas afinal, o que foi que aconteceu?

Uma breve linha do tempo

Antes das redes evoluírem para um grande filtro algorítmico, elas eram um lugar para manter contato com seus amigos, familiares e colegas de trabalho. Você lembra?

Ali tínhamos um microcosmo individual, repleto de pessoas e assuntos que queríamos saber.

Era uma comunidade autêntica e sem ruídos.

Mas um dia as coisas começaram a mudar.

Em 2009, o Facebook aplicou seu primeiro algoritmo de classificação de conteúdo, chamado EdgeRank. O objetivo era organizar o conteúdo com base em relevância, porque muitas postagens recebiam muitos likes, mas tinham baixa qualidade ou informações inúteis.

Em 2012, o Facebook comprou o Instagram e, teoricamente, a rede herdou essa lógica.

O EdgeRank foi perdendo destaque, mas continuou sendo a base para todos os algoritmos que vieram depois.

Nessa época, quem estava no Instagram vai se lembrar dos fatores que ajudavam a deixar os posts melhor posicionados:

  • Muitos likes e comentários;
  • Comentários com amigos marcados;
  • Várias reações logo após a publicação;
  • Perfil completo.

Aí, em julho de 2016, o Instagram anunciou que seus algoritmos estavam mudando porque “as pessoas estavam deixando de ver 70% das postagens no feed”.

Então, a ordem dos posts que apareciam para as pessoas passou a ser definida por outros fatores:

  • A chance de o conteúdo ser interessante para elas;
  • O relacionamento delas com quem postou (se são parentes, amigos ou colegas de trabalho);
  • A relevância ou o quão recente era a postagem.

2016 foi então o início do que seria o mundo filtrado no qual vivemos hoje.

O mundo dos algoritmos de recomendação.

O problema de viver num mundo que filtra tudo o que você vê

Se você acha que está o tempo todo vendo as mesmas coisas, ouvindo as mesmas músicas e lendo sobre os mesmos assuntos, você tem razão.

O algoritmo de recomendação foi criado com o objetivo de ser um sistema inteligente que filtra e decide o que você vai ver em uma rede social, para poupar o “trabalho” de filtrar você mesmo o que quer ver.

O conceito é maravilhoso quando consideramos a quantidade de informações que estão sendo despejadas a cada minuto na internet. Como filtrar o que é ruim do que é bom?

Pensando nisso, parece interessante ter uma ferramenta que analisa tudo o que você curte, assiste ou clica, e usa essas informações para mostrar conteúdos que acha que vão te agradar.

Mas o problema desse sistema é que, ao recomendar conteúdos baseados nessas métricas, você perde a capacidade de escolher o que quer, e isso gera uma sensação de estar preso em você mesmo.

Spotify recomenda as mesmas músicas em todas as playlists que ele cria, Netflix entra num looping de recomendações e por aí vai.

Isso é pensando do lado do consumidor (ou usuário) dessas redes.

Quando olhamos para os profissionais que utilizam essas redes para sustentar seus pequenos negócios, o sistema falha mais ainda porque o conteúdo que você cria não chega direto para quem te segue e vice-versa.

Viver num mundo filtrado é viver em um lugar onde tudo o que é criado e colocado nas redes obrigatoriamente passa pelo filtro do algoritmo, que decide o que vai ser distribuído.

Ficamos então nas mãos de um “curador invisível” criado por um pequeno grupo de empresas, que decide por nós como esse filtro vai funcionar.

O resultado dessa curadoria é o que você já está sentindo na pele e na cultura ao seu redor: a padronização da criatividade.

Como os algoritmos distorcem a criatividade e o consumo

A gente não está só consumindo as mesmas coisas o tempo todo. Também estamos consumindo cópias e releituras do que uma vez foi criado e deu um excelente resultado algorítmico: mais engajamento e atenção.

Estamos presos em uma dinâmica que privilegia o familiar em detrimento do novo, bloqueando a inovação e a criatividade.

Nesse estudo, que analisa como a cultura pop está se transformando em um oligopólio, o autor rastreia como estamos entrando em uma anemia cultural:

“Até o ano 2000, cerca de 25% dos filmes de maior bilheteria eram prequels, continuações, spinoffs, remakes, reboots ou expansões do universo cinematográfico. Desde 2010, tem sido mais de 50% a cada ano. Nos últimos anos, tem sido perto de 100%.”

Ou seja, há uma onda mundial de padronização da cultura, o que diminui ainda mais as chances de coisas realmente novas e diferentes aparecerem no seu feed.

E então vivemos um paradoxo: de um lado, queremos ser surpreendidos por novidades, descobrir coisas novas, diferentes e empolgantes. Do outro, somos privados dessas novidades porque os algoritmos priorizam o que já consumimos e gostamos, e no que gera mais lucro para os donos dessas plataformas.

Essa tendência mundial é um dos principais fatores que acaba esmagando as chances de crescimento de pequenos negócios autorais liderados por empreendedores solo.

E era aqui que eu queria chegar.

O impacto do mundo filtrado para os pequenos negócios autorais

Quem tem um negócio online baseado em serviços e em conhecimento convive diariamente com a frustração de ver seus melhores conteúdos ignorados pelo algoritmo das redes sociais.

Mesmo quando os discursos que saem da boca dos CEOs dessas redes anunciam mudanças que favorecem os criadores de conteúdo, a realidade continua sendo essa.

Para os negócios autorais, que trazem soluções diferentes das convencionais, os algoritmos se transformaram em uma barreira quase intransponível.

Profissionais como consultores, coaches ou criadores de conteúdo especializado enfrentam uma realidade cruel: para gerar impacto, eles precisam de conteúdos com qualidade e profundidade, mas o sistema que eles usam para difundir essas ideias valoriza a quantidade e a rapidez.

Então entramos em um ciclo vicioso: para alcançar sucesso como criadores de conteúdo, acabamos sendo pressionados a repetir fórmulas que já funcionaram, perpetuando as mesmas ideias e formatos, deixando de lado nossa autenticidade.

Essa incompatibilidade gera um impacto direto nos resultados do negócio e na saúde mental desses empreendedores.

Há uma onda de aversão e frustração por não terem visibilidade, uma sensação de não pertencimento, como se estivessem sempre fora do que é exigido pela plataforma. E, acima de tudo, o convívio com a falta de retorno, porque o esforço colocado ali não traz clientes ou oportunidades reais.

A conclusão é inevitável: para muitos de nós, os algoritmos das redes sociais não são aliados – são obstáculos.

Como estou transformando minha estratégia para depender menos do marketing nas redes sociais

Assim como muitos de nós, eu também gosto de estar nas redes sociais como consumidora de conteúdo. Adoro memes, buscar informações sobre diferentes coisas ou acessar dicas rápidas.

Só que, quando eu quero me aprofundar em coisas que realmente me interessam ou resolver algum problema que percebi que já tenho, não busco nada lá dentro.

No marketing, temos 3 momentos da jornada do cliente, que são: Descoberta, Conexão e Confiança.

É basicamente dizer que uma pessoa encontra seu conteúdo online, se conecta com sua forma de enxergar a solução e confia que você pode entregar o que promete ao comprar seu serviço.

O problema é que muita gente ainda acredita (e eu também acreditava) que as redes sociais são o melhor lugar para levar as pessoas por essa jornada.

Fazemos posts de descoberta ou topo de funil com conteúdos educativos, posts de conexão ou meio de funil com conteúdos mais aprofundados e mostrando nossos valores, e, finalmente, fazemos os posts de confiança ou fundo de funil onde ofertamos nossa solução com a esperança de alguém comprar.

Essa prática é tão difundida e aplicada que é quase proibido questionar sua eficácia. Então, aceitamos e ficamos todos fazendo as mesmas coisas dentro das redes.

Mas, para que alguém descubra seu conteúdo em uma rede social, se conecte com ele e confie na sua solução o suficiente para comprar, existe um caminho enorme a ser percorrido. Cada um desses posts precisa estar na frente das pessoas certas, com uma alta frequência, na hora em que elas precisam daquilo, para que então ela decida, talvez, comprar.

É muito óbvio no papel, mas na prática você sabe o que isso significa: criar conteúdos dentro das tendências e formatos da rede, postar o máximo possível e praticamente ter uma formação em social media.

Para mim, esse é o caminho mais desgastante e ineficiente para um empreendedor solo.

Se as redes não podem abranger todos esses papéis, a solução para mim foi colocar cada etapa da jornada em um lugar diferente, com um resultado muito mais perene.

Como utilizo as 3 etapas, sem as redes.

Etapa de descoberta: Escrevo artigos e ensaios no site, ofereço recursos gratuitos e o podcast

Para essa etapa, escolhi colocar minha energia e foco na criação de artigos e ensaios.

Esses textos são escritos com o objetivo de responder e entregar novas perspectivas para pessoas que estão conscientes de que têm um problema e estão ativamente buscando uma solução.

Crio esse conteúdo com otimização de SEO para buscadores e faço a publicação no meu site.

O podcast, que tem previsão de retomada para este ano, também serve como conteúdo de descoberta porque pode ser encontrado nas plataformas de streaming ou sugerido pelos algoritmos.

Etapa de conexão: Envio uma newsletter semanal, o podcast quinzenal e oficinas online duas vezes por mês.

Nessa etapa, as pessoas já chegaram até mim e interagiram com algo gratuito. Nos conteúdos que crio na etapa de conexão, meu objetivo é aprofundar os motivos que tornam a solução que ofereço relevante e interessante para essas pessoas, marcando com clareza os momentos em que realmente precisam da minha ajuda.

Na newsletter, trago soluções para situações reais, meus bastidores e as coisas que têm me ajudado a melhorar meu negócio. No podcast, mostro como penso e como posso ajudar, além de dar dicas relevantes para diferentes áreas do negócio.

As oficinas, que já são serviços com valores baixos, servem para que as pessoas conheçam minha vibe e forma de trabalhar.

Etapa de confiança: serviços bem explicados e diferentes faixas de preço

A confiança é gerada quando diminuímos o risco das pessoas comprarem de nós. Infelizmente, no Brasil, mentorias e coaching são termos mal vistos devido a maus profissionais que buscam apenas o lucro a qualquer custo.

Isso afeta essa etapa diretamente. Por isso, busco ter o máximo de transparência ao ofertar e explicar meus serviços.

Quanto mais as pessoas entenderem e visualizarem o que esperar ao me contratarem, mais fácil será para elas tomarem a decisão, já estando bem informadas sobre como será o processo.

Todos os meus serviços têm uma página dedicada no meu site, onde explico com o máximo de detalhes como vai funcionar a dinâmica do nosso trabalho juntos.

Qual o papel das redes nesta estratégia?

Nesta estratégia, as redes sociais se transformam em um quadro de avisos, onde o papel é mostrar o que estou fazendo o onde as pessoas podem me encontrar fora dali. As redes se transformam em uma ponte entre o lugar que as pessoas estão e o lugar que eu quero elas venham conhecer, e onde estão minhas principais ideias e perspectivas.

Elas se transformam em mais uma ferramenta de propagação, e não em minha única fonte de visibilidade.

Outras ações que estou planejando fazer para substituir as redes:

Estar presente em uma plataforma descentralizada

Estive estudando alternativas e muita gente tem migrado das redes sociais para as plataformas descentralizadas, que são espaços que não possuem controle centralizado em uma empresa. Diferente das redes sociais tradicionais, elas não são dominadas por algoritmos.

Ferramentas como Discourse, Mastodon e Substack são exemplos de plataformas onde podemos definir as regras do jogo.

Estou bastante interessada no Discourse, onde posso criar um fórum de discussão que incentiva conversas mais profundas para gerar uma comunidade que também quer ficar fora das redes sociais tradicionais. Novidades em breve!

Entrei no Mastodon, que é uma rede social descentralizada e sem anúncios, que funciona com base em servidores independentes. Confesso que achei complicado porque ja estou acostumada com as redes tradicionais, e vejo que é mais difícil encontrar coisas interessantes para ver por lá.

O Substack também é uma opção, mas como eu já tenho Newsletter, eu decidi não usar. Mas é uma opção super válida para difundir sua mensagem longe dos algoritmos.

O que eu acho incrível é que essas plataformas devolvem o poder para nossas mãos, permitindo a construção de uma comunidade mais autêntica e sustentável.

Retomar o Networking, com mais intenção.

E vai ser o único motivo de eu estar no LinkedIn. O networking precisa ir além das redes para podermos ter conexões reais e estratégicas com outras pessoas, tanto no ambiente online quanto offline.

Planejo participar de comunidades específicas, eventos e projetos colaborativos que façam sentido para o meu negócio. Se você quiser me convidar para uma parceria, estou aberta e é só falar comigo!

Criar mais ativos de marketing para consolidar meu lugar na internet e fora dela

Por fim, minha intenção é continuar fortalecendo meus ativos de marketing para que eu consiga ter mais visibilidade, fora das redes sociais.

Quero fazer isso oferecendo palestras e workshops presenciais, escrevendo um livro, criando um canal no youtube, uma comunidade no discourse… a lista é longa, mas tenho certeza de que meus passos estão alinhados com o que quero representar no mundo.

O que espero criar e conseguir?

Para mim, prosperar hoje significa deixar de atender e lutar contra os algoritmos e focar naquilo que realmente importa: construir espaços onde as pessoas certas possam nos encontrar e ter contato direto conosco.

Não é sobre produzir mais, mas sim criar com profundidade, de falar com clareza e de se conectar com intenção.

Adotar plataformas alternativas é um caminho poderoso.

Investir em conteúdos que vão além do superficial transforma seguidores em uma audiência fiel e engajada.

É um chamado urgente para reimaginar a forma como criamos, interagimos e entregamos valor.

No final, o verdadeiro sucesso está em abandonar a corrida pelos números e construir algo significativo – para você e para quem está do outro lado.

Uma chamada para ação

Os algoritmos nos prometeram alcance e conexão, mas entregaram isolamento e frustração.

Estamos presos em um sistema que recompensa quantidade e superficialidade, enquanto nossos negócios precisam de profundidade e transformação.

E a consequência disso vai muito além da insatisfação com as redes sociais: afeta diretamente nossa capacidade de impactar, crescer e sustentar nossos projetos de forma saudável.

A verdade é que, no centro desse colapso criativo, surge a necessidade de buscar alternativas, de criar refúgios e lugares seguros e prósperos para quem tem negócios autorais.

Se as plataformas não estão mais jogando a nosso favor, talvez seja hora de criarmos nosso próprio caminho.

Diante desse cenário, uma pergunta se torna evidente:

Como podemos retomar o controle sobre nossas mensagens e conexões?

Se o sistema não serve mais aos nossos objetivos, quais são as alternativas viáveis para construir negócios autorais sustentáveis, sem depender exclusivamente dos algoritmos?

A resposta para mim tem sido voltar às origens, ter um olhar mais consciente e humano, em espaços livres de algoritmos – como este site, por exemplo.

E você? O que tem percebido sobre o ambiente algoritmizado das redes sociais? Tem feito algo alternativo para substituir as redes? Compartilhe comigo suas impressões.

Quando você se sentir pronto(a), posso te ajudar de 3 formas:

Consultoria Intensiva, onde eu olho todo o seu negócio e crio uma estratégia de slow marketing para ele e entrego um sumário executivo para você entrar em ação.

Mentoria Individual, onde eu pego na sua mão, durante 1 mês e organizo todo seu negócio e seu marketing junto com você.

Curso Elevando Ideias, para você dar seus primeiros passos na estratégia de Liderança de Pensamento e já sair aplicando no seu negócio.

E como sempre, estou sempre disponível para conversar. É só marcar.

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1 Comentário

  1. Pedro

    Ótimo texto, interessante. Obrigado por compartilhar

    Responder
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