Um novo conceito e abordagem que tem levado cada vez mais empreendedores a olhar para seus negócios com mais consciência e liderança. Conheça o Slow Business.
A pandemia, a tecnologia, o luto, o medo, a esperança, tudo isso junto e misturado, fez com que a humanidade começasse a questionar o mundo ao seu redor. Estamos testemunhando mudanças estruturais que mudarão drasticamente a realidade e o futuro.
É o grande despertar da consciência humana, principalmente no âmbito do trabalho.
Novos formatos que possibilitam mais qualidade de vida, tem levado pessoas a empreender e serem donas dos próprios negócios. Isso se vê desenhado na onda chamada de “The Great Resignation” (a Grande Renuncia).
Do outro lado da mesma moeda vemos as pessoas replicando em seus novos negócios, os formatos que conhecem e estão acostumadas – longos períodos de trabalho em um escritório em casa, pouco tempo para si e para outras áreas da vida. Se cria então o paradoxo: Saí de uma empresa para ter minha empresa e estou trabalhando mais do que trabalhava antes.
Apesar de acreditar que esta postura não é errada, venho questionando por que fazemos isso.
Por que replicamos de forma inconsciente um modelo de trabalho que renunciamos de forma consciente? Com o mundo no topo de sua conectividade e tecnologia, por que não conseguimos gerar novas formas de trabalhar?
Claramente a resposta não é simples, nem direta e menos ainda óbvia, considerando nossa forma de pensar moldada por mais de 5 séculos de Capitalismo.
Minha questão é: como podemos começar a desenhar novas formas de nos relacionar com o trabalho, utilizando o momento histórico que estamos vivendo?
Por isso este ensaio é a minha tentativa de iniciar esta discussão, baseada em meus estudos e áreas de conhecimento: Administração, negócios e marketing.
Slow Business não é ter um negócio lento.
Quem me acompanha sabe da minha jornada no Slow Marketing. Tenho um Pequeno Manual, artigos, posts, vídeos, aulas e workshops onde explico esta abordagem para quem está cansado do marketing tradicional.
O Slow Marketing, que questiona a forma como fazemos o marketing de nossas empresas, rapidamente abriu espaço para questionar a empresa como um todo.
Por que escolhi este ou aquele modelo de negócio? O que isso diz sobre mim e sobre a vida que quero ter?
Daí nasceu o Slow Business.
Slow não significa ser ou ter um negócio devagar.
Slow nada mais é do que ter consciência de que vivemos em uma ditadura da velocidade – quanto mais rápido melhor – e de que temos o direito de fazer as coisas no nosso tempo. Podemos correr quando faz sentido para nós e podemos desacelerar quando correr não é necessário.
Trazendo isso para dentro de um pequeno negócio próprio, o Slow Business se transforma em um conceito e uma abordagem mais humana, real e consciente.
O que é Slow Business?
É criar um negócio forte, sustentável, eficaz, lucrativo e principalmente resiliente. É moldar o negócio ao formato de vida que queremos ter. É entender que estamos vivos em um momento único, onde existe a tecnologia possível para mudar e o momento ideal para fazer isso. O mundo precisa de novos formatos de negócio.
Estamos vivenciando a oportunidade única de começar algo que vai mudar a realidade das próximas gerações.
Os Três Desafios do Slow Business
Assim como o Slow Marketing é uma nova forma de enxergar o marketing, o Slow Business é uma nova forma de enxergar o negócio.
Falar sobre os principais desafios do pequeno empreendedor, foi a forma que encontrei de mostrar como aplicar o Slow Business em nossos negócios.
Em um mundo em constante movimento e evolução, os principais desafios que precisamos superar para ter um negócio slow são esses:
Desafio 1: NOSSA MENTALIDADE
Mudar nossa visão sobre as coisas requer antes de tudo, abrir a mente para o novo. Ser curioso e deixar que novas ideias entrem e fluam, sem julgamentos.
Por isso o primeiro desafio do Slow Business é entender como nossa MENTALIDADE influencia o nosso modelo de negócio.
O que acreditamos e aceitamos como verdade molda tudo o que criamos e oferecemos para as pessoas.
O desafio é:
- Reconhecer que assumimos como verdade coisas que podem não ser a única verdade.
- Refletir sobre essas suposições e como elas impactam a forma que lidamos com nosso trabalho
- Descobrir a nossa verdade e usá-la a nosso favor para construir um negócio forte
- Assumir nosso papel de líder do negócio e não só de quem executa o trabalho
Quando entendi que a minha mentalidade me fazia decidir por este ou aquele caminho, passei a refletir sobre minhas decisões, como elas impactavam no negócio e como eu queria que ele fosse. Comecei a olhar para novas formas de me relacionar com meu entorno e aceitar outras coisas como verdade.
Desafio 2: SUSTENTAR UMA ESTRATÉGIA NO LONGO PRAZO
Quantas vezes você mudou o curso do seu negócio porque viu uma nova tendência? Ou mudou o plano porque conversou com alguem que disse que de outro jeito estava funcionando para ele?
Nosso acesso à informação gera a Síndrome do “só funciona o que os outros estão fazendo” e isso nos leva a outro problema: a eterna adaptação a uma nova estratégia.
Eu vivi isso e vejo acontecer todos os dias na vida dos pequenos empreendedores.
Não dar espaço e nem tempo para que uma estratégia seja implementada e que seus resultados sejam mensurados é o mesmo que começar do zero o tempo todo. O negócio não sai do lugar e você continua achando que o problema é a estratégia que escolheu…
O desafio é:
- Focar na estratégia que escolhemos fazer (ações concretas) para transformar nossa visão em realidade
- Entender que pensar estrategicamente é aceitar que não podemos fazer tudo ao mesmo tempo
- Escolher e manter uma estratégia tempo suficiente para analisar os resultados dela.
É difícil assumir que o caminho que escolhemos não foi o melhor e não funcionou. Mas ter um negócio é também abraçar e ficar bem em um mundo de incertezas. Manter a estabilidade do caminho é como conseguimos ter um negócio forte.
Desafio 3: SISTEMAS E PROCESSOS QUE FUNCIONAM
Colocamos tanta atenção e energia no modelo de negócio, no serviço e no marketing que nem pensamos no que está por trás de tudo isso.
Ter sistemas e processos que funcionam é o que difere um negócio de sucesso de um negócio problemático, com uma experiência que não gera indicações.
Um sistema é um conjunto de processos (manuais ou automáticos) que trabalham juntos para criar um resultado. Um sistema saudável é aquele que cria de maneira eficaz o resultado desejado, sem tensão ou estresse.
Por isso desenvolver sistemas que funcionam e ter um relacionamento saudável com esses sistemas é chave para construir um negócio sólido e slow.
E este é o desafio:
- Ter consciência de que, mesmo sem pensar no sistema, ele existe e está rodando.
- Documentar detalhadamente os passos dos processos dentro do sistema
- Aprofundar e adaptar o sistema de forma contínua
Quando mapeamos, dando nome e forma aos sistemas que nos rodeiam é possível começar a enxergar atritos, redundâncias ou etapas improdutivas que antes eram impossíveis de enxergar.
Podemos editar o sistema (e a carga de trabalho) para reduzir a tensão e o estresse ao mesmo tempo que o sistema mantém – ou melhora – os resultados.
Sistemas é onde muitos empreendedores perdem o que mais buscam quando empreendem: qualidade de vida e menos horas trabalhando.
Em resumo…
É impossível, em um curto artigo, falar sobre todos os aspectos que permeiam um negócio autoral hoje.
Minha tentativa foi explicar como tenho abordado meu negócio e o dos meus clientes de um jeito slow e consciente.
É claro que este é só um pedacinho minusculo do que é o Slow Business e tudo o que ele significa e pode ainda significar.
Minha intenção é que mais pessoas reflitam sobre como estão se relacionando com seus negócios e o impacto disso em suas vidas.
Se enxergou os desafios que falei aqui como sendo os seus desafios neste momento, pode ser que esteja com uma visão tóxica do que é empreender e ser dono de um negócio.
Se o que eu disse trouxe algum tipo de paz e alívio, é porque percebe que outros caminhos são possíveis.
É essa minha missão: que você e mais pessoas saibam que pode ser de outro jeito – o seu.
Quais tem sido seus desafios de negócio? Como recebe a visão de Slow Business que eu trouxe aqui?
Vou adorar receber seu feedback ou contribuição!
Amei e lá vim dar pitacadas aqui! Primeiro ponto: você deveria escrever mais, adoro ler seus conteúdos! Segundo, adoro a ideia de que um negócio slow não é um negócio que roda devagar mas sim com consciência. Isso faz total diferença na forma como a gente mantém algo sustentável e em bases sólidas. Pois a gente não saiu do que não fazia mais sentido para criar algo pra falir. Se eu pudesse voltar e dar um conselho a mim mesma, diria para começar justamente pelo ponto que falou: mentalidade. Isso infelizmente – ou não – aconteceu com o andar do negócio e muita energia, choro e frustração poderiam ser evitados se eu tivesse uma visão sobre o que quero com meu biz mais alinhada com a minha realidade. Excelente!
Nathalia, é impressionante como entender o que está em jogo em um negócio muda muito a forma como lidamos com ele. Obrigada por comentar e trazer suas reflexões!