algoritmos e a criatividade: por que sua profundidade não cabe no feed

Os algoritmos estão nivelando a criatividade por baixo, e isso está afetando profundamente o marketing de quem empreende com ideias próprias.

1373 palavras | 5 minutos de leitura

Em 2006, quando o YouTube foi lançado, ele prometia uma revolução: qualquer pessoa com acesso à internet poderia compartilhar sua criação com o mundo, sem precisar da aprovação de editoras, gravadoras ou estúdios.

Nos anos seguintes, plataformas como Netflix, Spotify e Instagram seguiram esse mesmo caminho, derrubando barreiras e entregando aos criadores um canal direto com sua audiência.

A promessa era disruptiva: a existência de um ambiente livre, onde qualidade e originalidade falariam mais alto.

Aí chegamos onde estamos hoje…

Quando olhamos para a atual paisagem cultural, sabemos que essa promessa ficou vazia.

Claramente, não estamos vivendo uma era de renascimento criativo. Muito pelo contrário.

Estamos vivendo a ascensão de uma nova hegemonia: a dos algoritmos de recomendação.

Os arquitetos invisíveis da era digital colocam métricas de engajamento acima da inovação, transformando arte em “conteúdo” e artistas em “usuários”.

O resultado? Uma cultura onde a mediocridade encontra terreno fértil.

O ciclo da repetição: como os algoritmos moldam a cultura

No centro dessa transformação está o algoritmo: um conjunto de fórmulas matemáticas feito para prever e moldar nosso comportamento.

No Spotify ou no YouTube, ele decide o que você vai ouvir ou assistir. Na Netflix, ele interfere tanto nas decisões de produção quanto nas recomendações personalizadas.

A lógica é simples, porém poderosa: maximizar o tempo de atenção oferecendo exatamente o que os dados dizem que você deve gostar.

Mas essa lógica nos colocou dentro de um ciclo difícil de quebrar: se o sucesso é medido por cliques e retenção, o incentivo passa a ser repetir o que já funcionou.

Músicas são moldadas para entrar em playlists, com introduções pensadas para fisgar nos primeiros 30 segundos.

Filmes são criados com cenas pensadas para o trailer, fáceis de circular nas redes.

E até os livros, que antes escapavam dessa lógica, agora são guiados por previsões de comportamento de leitura.

É exatamente por isso que hoje, o risco criativo deixa de ser interessante porque o que é novo, diferente ou experimental é visto como “difícil de vender” e o que é familiar, repetitivo, previsível, como sequências, remakes e fórmulas, é premiado com mais atenção.

O algoritmo não está preocupado se um filme, um livro ou um post provoca, transforma ou inova. Ele só quer saber se ela será consumida repetidamente. .

Quando o consumo rápido redefine o que vale a pena

Os algoritmos não afetam apenas os criadores mas também moldam o nosso jeito de consumir.

Como nossa atenção virou moeda, vence quem consegue capturá-la por mais tempo e isso criou a cultura de gratificação instantânea, onde obras mais densas, lentas ou desafiadoras perdem espaço.

Um exemplo claro, o filme Zona de Interesse (2023), com um ritmo silencioso, uma estrutura narrativa não convencional e proposta profundamente desconfortável, não ganhou destaque espontâneo nas plataformas.

É o tipo de filme que exige tempo, reflexão e presença. Tudo o que os algoritmos não tendem a privilegiar.

Já séries de crime genéricas ou realities com episódios fáceis de maratonar são constantemente promovidos porque são vantajosos algoritmicamente.

E nós, como audiência, entramos nesse jogo.

Os algoritmos oferecem essa sensação de abundância, com uma fila infinita de conteúdos moldados ao nosso gosto. Mas essa abundância é uma ilusão: ela reforça e repete o que já conhecemos, ao invés de expandir o nosso repertório com coisas novas e diferentes.

Como as métricas silenciam a originalidade

Talvez um dos impactos mais profundos da curadoria dos algoritmos seja esse: a redefinição silenciosa do que é considerado sucesso.

Antes da era digital, um filme, um livro, uma música, era reconhecida pelo seu impacto cultural, pelas conversas que provocava, ou simplesmente pela sua permanência no tempo. Hoje, a régua é outra e totalmente focada em números: views, likes, seguidores, tempo de retenção, assinaturas.

Para quem vive de criar, isso é um desafio imenso. Para empreendedoras solo, o impacto é ainda mais delicado porque muitas vezes tudo depende delas. A criação, a entrega, a comunicação, o posicionamento.

Nesse cenário, o algoritmo vira um chefe invisível.

É ele quem diz se o post “rendeu” ou se vale a pena continuar e que para “dar certo”, não basta sua ideia ser boa, ou ter um serviço bem montado ou uma visão bem desenhada. É preciso alimentar a máquina, seguindo as regras do jogo, mantendo uma presença constante e muitas vezes forçada, para não cair no limbo.

Só que esse ritmo não combina com nossos processos criativos mais profundos, nem com a complexidade do trabalho autoral que entregamos.

E aí o medo de cair no esquecimento nos paralisa, a pressão por performance nos amarra, e aos poucos, nossas ideias mais potentes vão sendo podadas antes mesmo de ganharem forma, porque podem “não engajar”.

Para muitas empreendedoras solo, isso gera uma sensação constante de inadequação, como se estivessem sempre tentando se ajustar a uma lógica que não respeita o tempo das ideias e nem o seu próprio ritmo.

E aí vem a pergunta: será que sucesso deve mesmo ser medido por números visíveis? Ou é hora de reconstruir essa régua, criando novas formas de crescer com consistência, sem se perder no processo?

Como quebrar esse ciclo?

A questão não é se os algoritmos devem mudar para promover a inovação porque a lógica que por trás das plataformas é incompatível com o que torna uma criação realmente importante e transformadora: profundidade, complexidade, desconforto, tempo de maturação.

A pergunta real é: nós, enquanto criadoras e consumidoras, estamos dispostas a resistir?

Resistir não significa abandonar completamente as plataformas, mas talvez dar a elas sua devida importância, usando com consciência, sem deixar que elas ditem o ritmo, o tom ou o valor do que a gente entrega.

Para as empreendedoras solo, essa resistência pode ser o início de uma nova fase onde o marketing não se confunde mais com produção compulsiva de conteúdo, e sim com construção de significado, presença e conexão.

A solução começa quando você organiza seus canais com clareza, estrutura sua comunicação com intenção, e cria um sistema que funcione mesmo fora do feed, que respeite seu ritmo, valorize sua visão e fortaleça sua autonomia no mercado.

É exatamente isso que trabalhamos juntas na Mentoria Slow Marketing 360: sair do modo reativo e construir uma presença digital estratégica, autoral e sustentável, sem depender dos algoritmos e das redes sociais.

O algoritmo não é inimigo, mas também não é aliado

Os algoritmos que moldam nossa atenção não são vilões porque são regras criadas para otimizar engajamento e nada mais. Eles não têm interesse em arte, profundidade ou propósito.

E é justamente por isso que confiar neles para sustentar um negócio autoral é uma aposta arriscada demais.

Para quem empreende sozinha, com ideias próprias e vontade de fazer diferente, o desafio é real.

Se os algoritmos não foram feitos para valorizar a nossa singularidade, nós podemos e devemos criar outros caminhos.

Slow marketing é resistência e estratégia

Resistir não é sair das redes. É recusar a lógica da urgência como única forma de existir.

É estruturar sua comunicação com intenção.
É organizar seus canais como uma rede viva, que trabalha por você, com autonomia.
É usar o marketing como ferramenta de expressão e sustentabilidade.

Se você sente que está cansada de agradar o algoritmo… talvez seja hora de criar um novo caminho

Na mentoria, organizamos seus canais, afinamos sua mensagem e estruturamos sua presença digital para que você cresça com consistência, sem depender das redes sociais.

É um trabalho profundo, estratégico e possível.
Para empreendedoras solo que não querem mais se adaptar a modelos que não funcionam para elas.

Se esse caminho fez sentido, eu te convido:

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